Materia originalmente postada em http://solonaescola.blogspot.com.br/2012/03/primeira-fratura.html
e ampliada nesta postagem.
No mês de fevereiro/12 saiu uma notícia muito interessante na
Revista FAPESP, e vamos discutir um pouco aqui. Quem quiser ter acesso à
matéria na íntegra, é só clicar aqui.
"Por pouco, uma boa porção do que hoje é o Nordeste brasileiro não se tornou
parte da África durante a movimentação dos grandes blocos rochosos que formam os
continentes, a chamada deriva continental. A hipótese de que o Nordeste pudesse
ter se partido surgiu nos anos 1960 e ganhou agora o reforço de evidências
obtidas por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
e da Universidade de Brasília (UnB).
A pesquisa, publicada no Journal of Geodynamics, retrata a evolução da
chamada bacia Potiguar, formação localizada na costa do Ceará e do Rio Grande do
Norte, a última parte da América do Sul a se desprender da África.
Como se sabe, ao longo do tempo geológico, os continentes estão numa dança
constante, ora se juntando, ora se afastando, em razão da dinâmica das placas
tectônicas. Essas placas rígidas, de até 100 quilômetros de espessura, deslizam
vagarosamente carregando consigo o que há em cima delas, como se fossem imensas
balsas navegando sobre o interior pastoso da Terra.
A lava é um material que deriva diretamente do magma, o material em fusão que se encontra sob a superfície da Terra.
Cerca de meio bilhão
de anos atrás, África, América do Sul, Austrália, península Arábica, Índia e
Antártida estavam reunidas num supercontinente que os geólogos batizaram de
Gondwana. A região era instável, como seria de esperar de um pedaço de terra em via de se
dividir em dois. A separação completa entre América do Sul e África aconteceu
cerca de 100 milhões de anos atrás. O racha deu origem à bacia Potiguar, do lado
sul-americano, e à bacia Benue, do lado africano. No meio, nasceu o oceano
Atlântico.
A linha vermelha marca a área onde provavelmente ocorreu o início da separação
entre África e América do Sul, que gerou as fraturas sobre as quais se assentam
as bacias Potiguar, Jatobá e Tucano-Recôncavo, no Nordeste brasileiro
Pode parecer estranho, mas a massa terrestre – responsável pelo campo
gravitacional – não está igualmente distribuída em todo o globo. Por conta
disso, há flutuações regionais e, analisando-as, os geofísicos conseguem
calcular o que há por baixo do solo. A mesma coisa se dá com relação ao campo magnético. Dependendo da composição das
rochas sob o solo, ele aparece com maior ou menor intensidade.
Com a análise precisa dos dados da Potiguar, eles conseguiram identificar o
alinhamento e a presença de uma fratura muito profunda – acredita-se que esse seja o sinal mais claro de que
Gondwana originalmente começou a se partir naquela região, em vez de mais para o
leste, como acabou ocorrendo milhões de anos mais tarde.
Uma contribuição dos novos resultados é realimentar a pesquisa básica. Ou seja,
tudo começa com prospecção científica, passa à exploração econômica, que agora,
com os dados colhidos, leva tudo de volta à ciência. E assim o ciclo
prossegue."
Terra daqui a 100 milhões de anos
A Visão de Espaço - Países e Litorais
Até a próxima.
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