Considerada por alguns como uma das
mais antigas disciplinas acadêmicas, a geografia surgiu na Antiga Grécia, sendo
no começo chamada de história natural ou filosofia natural.
Grande parte do mundo ocidental
conhecido era dominada pelos gregos, em especial o leste do Mediterrâneo.
Sempre interessados em descobrir novos territórios de domínio e atuação
comercial, era fundamental que conhecessem o ambiente físico e os fenômenos
naturais. O céu claro do Mediterrâneo facilitava a vida dos navegantes gregos,
sempre atentos s características dos ventos, importantes para sua navegação em
termos de velocidade e segurança. Sobre tais experiências, os gregos deixaram
para as futuras gerações escritos que contavam a sua vivência geográfica.
Estudos feitos acerca do rio Nilo, no Egito, detalhavam, entre outras coisas,
seu período de cheia anual.
No século IV a.C., os gregos
observavam o planeta como um todo. Através de estudos filosóficos e observações
astronômicas, Aristóteles foi o primeiro a receber crédito ao conceituar a
Terra como uma esfera. Em sua especulação sobre o formato da Terra, Strabo
acabou escrevendo um obra de 17 volumes, 'Geographicae', onde descrevia suas
próprias experiências do mundo - da Galícia e Bretanha para a Índia, e do Mar
Negro à Etiópia. Apesar de alguns erros e omissões em sua obra, Strabo acabou
tornando-se o pai de geografia regional.
Com o colapso do Império Romano, os
grandes herdeiros da geografia grega foram os árabes. Muitos trabalhos foram
traduzidos do grego para o árabe. Ocorreram, no entanto, a partir daí, algumas
regressões: após o ano de 900 d.C., as indicações de latitude e longitude já
não apareciam mais nos mapas. De todo modo, os árabes acabaram recuperando e
aprofundando o estudo da geografia, e já no século XII, Al-Idrisi apresentaria
um sofisticado sistema de classificação climática. Em suas viagens à África e à
Ásia, outro explorador árabe, Ibn Battuta, encontrou a evidência concreta de
que, ao contrário do que afirmara Aristóteles, as regiões quentes do mundo eram
perfeitamente habitáveis.
Já no século XV, viajantes como
Bartolomeu Dias e Cristóvão Colombo redescobririam o interesse pela exploração,
pela descrição geográfica e pelo mapeamento. A confirmação do formato global da
Terra veio quinze anos mais tarde, em uma viagem de circunavegação realizada
pelo navegador português Fernando Magalhães, permitindo uma maior precisão das
medidas e observações.
Grandes nomes se empenharam no estudo
das várias áreas da geografia. A geografia social, por exemplo, recebeu a
dedicação de nomes como Goethe, Kant, e Montesquieu, preocupados em estabelecer
em seu estudo a relação entre a humanidade e o meio ambiente. A geografia
recebeu novas subdivisões, entre as quais, a geografia antropológica e a
geografia política.
Por volta do século XIX, surgia a
Escola Alemã, apresentando o determinismo, que suportava a idéia de que o clima
era capaz de estimular ou não a força física e o desenvolvimento intelectual
das pessoas. Assim, afirmava que nas zonas temperadas a civilização teria um
desenvolvimento mais elevado do que nas quentes e úmidas zonas tropicais. Já
nos anos 30, a Escola Francesa lançava o possibilismo, que afirmava que as
pessoas poderiam determinar seu desenvolvimento a partir de seu ambiente
físico, ou seja, sua escolha, determinaria a extensão de seu avanço cultural.
Chegaram os anos 60 com todas as suas
revoluções, e o desejo de fazer da geografia um estudo mais científico, mais
aceito como disciplina, levaram à adoção da estatística como recurso de apoio.
No final da década, duas novas técnicas de suma importância para a geografia
começavam a ser desenvolvidas: o computador eletrônico e o satélite, dando nova
ênfase à disciplina.
O
estudo da geografia abrange, hoje, grande complexidade de aspectos. O desenvolvimento
dos meios de comunicação, o crescimento demográfico, descoberta de novos meios
de explorar a superfície terrestre, a evolução da técnica em geral, e a entrada
do capitalismo trará profundas transformações na geografia, no plano da
realidade e no plano do saber.
Fonte: www.igeo.uerj.br
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